sábado, junho 02, 2012

NA COLÔNIA DE CORAIS



Onde a voz que clamava no deserto, senhora de sua solidão? Onde?! Agora que vozes formam corais e fingem que nelas o deserto não grita, onde aquela? Aquela que dissonava, aquela, intempestiva, ruidosa, onde?!  Mas, claro, que não anuncie novos deuses ou nos ameace com a ira dos antigos: uma que declare, senhora de sua solidão e nudez, a nudez de todos os deuses! Contra toda idolatria! Todo coral! Uma voz, uma só, ao menos uma vez!
... Mas, ao mesmo tempo, sem que lhe possa identificar a procedência (se de coral ou deserto), ouço uma que, num sussurro quase inaudível, me pergunta: Para quê?! Para quê?!