segunda-feira, setembro 17, 2012

O CAMPEÃO

Fotografia de Edilson Pantoja
Seu juízo rodeia o mundo preto-e-branco. Mas do alto a terra é uma peteca azul. Em torno do ringue vampiros berram impropérios. O último soco lhe tirou toda esperança de estabilidade e o inchaço avança sobre o último olho. A quentura do sangue lhe percorre a face. Afago da morte. Braços trêmulos tentam erguer o corpo de mil toneladas. O juiz chega ao meio da contagem. Enquanto viva a mãe nunca aprovou a profissão. Ágil de pernas, o adversário saltita a seu lado. Resta-lhe o último fôlego. Erguer-se é optar pelo definitivo. Deitar-se também.

2 comentários:

Salomão Larêdo disse...

Texto à reflexão refletindo a tua e que me delicio ao ler. Parabéns!!!! Salomão Larêdo

Edilson Pantoja disse...

Obrigado, Salomão! Um abraço!