Quando o céu se cobre de cinza ele enseja mostrar-se. Nunca apareceu e
o ensejo é apenas imaginado. As pessoas vêm à porta da rua ou ao quintal e se
põem a perscrutar. A mão em pala. Olhos no cinza. Ouvidos ao vento. O ciciar é
todo som. Mulheres velhas tremulam em êxtase. Novas desejam tê-lo. Homens
balbuciam gestos. E até hoje ninguém soube dizer palavra. Como se chama. O que
é. Um dia, depois que as nuvens brancas tornaram sobre o azul, um jovem quis
escrever. Mas a anciã saltou: escrever autêntico é silencio. Viu-se nisto algo
mais que ensejo. E nunca mais se ousou.
domingo, setembro 02, 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário