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Enquanto simples projeto, o sim constitui um dever-ser. Enquanto realização, o sim, almejado como absoluto, traz a marca do relativo, consequência do Não que lhe pesa como fardo. Fado! Tem-se aqui então uma nova compreensão do dever-ser, em que o ethos corresponde ao querer eliminar o perigo de ser: a queda-livre que condiciona o ser sempre em perigo. Daí se poder afirmar que toda doutrina, escola, movimento, feito - dos mais adocicados e belos aos mais amargos ou intoleráveis conforme uma e outra sensibilidade -, quer um ponto-fixo. O ponto-fixo. A estabilidade. O fim da história. O dever-ser. Mas todo sentido procede da Queda... Uma tentativa de ponto-fixo é então um sentido contra-sensual. Ilusão. Trabalho de Sísifo. Idiossincrasia...
8 comentários:
edilson
Gostei de ler.
Parabéns pela escrita e pelos livros...
Vou ficar por aqui e ler com calma...
vou voltar sempre
deixo-lhe um beijinho e...
CRUZAR
Cruzar letras...
Formar palavras...
E deixar no ar...
Dúvidas e certezas....
As letras têm...
Essa magia...
Basta que nós...
Sintamos a vontade...
De escrever ,de cruzar...
De formar palavras...
De partilhar tristezas e alegrias...
Só assim...olhámos e sentimos ...
Que muitas vezes...
Mesmo sem querer...
Fizemos poesia...
LILI LARANJO
Oi, Edilson. Veja como interpreto o fragmento 5.
O homem quer realizar o Sim. Entretanto, lá na raiz dele(do Sim), habita aquele Caos que o homem precisa organizar ou aquela ameaça de Queda que paira sobre ele.
Aí, qualquer "construção" humana precisa se apoiar em um ponto que se revele Absoluto, ou o ponto que não se move, o ponto-fixo.
E lá vêm as Artes, a História da Filosfia, etc, em busca do repouso em alguma sustentação para o dever-ser. Não há. Mas, a luta e a labuta continuam .
E assim caminhará a Humanidade.
Dá uma tontura, não?
Beijos!
Dora
Lili, vê que coisa podem as letras! E a internet, claro!, hoje suporte desse poder: nós, América do Sul e África, que já estivemos unidos, um no outro, um, refazemos agora, via rede, um cruzamento, não? Sê bem-vinda com tua poesia! Fica à vontade no Albergue!
Ah, Dora! Sim, tontura, vertigem... e um esforço tremendo para ser, para significar, apesar do Abismo, da Queda, do Não. Aí, qualquer "construção" humana surge como promessa de ponto-fixo. Dever-ser. Sim. É como afirmar: "as coisas devem ser assim! Têm que ser assim! Não podem ser como são!"
No entanto... são como são! Nem mais, nem menos. Mas exatamente como são. E é curioso pensar que, não fosse essa vontade de Sim, não seríamos como somos. Pois nos fazemos ao "negarmos" a queda. Não é apenas a realidade que brota, como significado, dessa negação. Nós também, os homens, surgimos justamente aí, na recusa.
Teus comentários, sempre estimulantes, querida! Boa semana pra ti!
Edilson
Que nome darias a esse ponto fixo em uma paisagem sempre ondulante, o imutável, o fio condutor que transpõe as contas do colar? Que nome darias?
Abraço. Ah, estarei em tua cidade em setembro.
CeciLia
PS: obrigada pela solidariedade ao último e dolorido post, lá no Lua.
A queda livre pressupõe, ou melhor, determina que o ser, independente do movimento que faça para controlar a situação, será sugado para o abismo. Se todo sentido procede da queda, ela seria o que impulsiona o ser a buscar objetivos, dando a ilusão de um ser dominante.
Carinhos Edilson
Desta vez será de médico, sim, mas por um tempo longo: estaremos durante sete dias albergados por aí. Um tanto de trabalho e um tempo, claro, para ver os amigos e conhecer a cidade. Será adorável conhecer Lia, tua esposa e a ti. Meu e-mail cecilia@cassal.com.br poderá servir para combinarmos os detalhes.
Acho que tou começando a entender, companheiro! Talvez até entender esta minha sempre vontade de desafiar o perigo. Se todo sentido procede da queda, andar na contramão - com a queda sempre à espreita - é a busca do sentido. De vida, seria?
Bom, estar aqui, ler vc e as meninas, é um aprendizado. Mais um que o mundo dos blogs me proporciona.
Beijo, viu?
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