domingo, agosto 09, 2009

VERTIGEM E SIGNIFICAÇÃO


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Enquanto simples projeto, o sim constitui um dever-ser. Enquanto realização, o sim, almejado como absoluto, traz a marca do relativo, consequência do Não que lhe pesa como fardo. Fado! Tem-se aqui então uma nova compreensão do dever-ser, em que o ethos corresponde ao querer eliminar o perigo de ser: a queda-livre que condiciona o ser sempre em perigo. Daí se poder afirmar que toda doutrina, escola, movimento, feito - dos mais adocicados e belos aos mais amargos ou intoleráveis conforme uma e outra sensibilidade -, quer um ponto-fixo. O ponto-fixo. A estabilidade. O fim da história. O dever-ser. Mas todo sentido procede da Queda... Uma tentativa de ponto-fixo é então um sentido contra-sensual. Ilusão. Trabalho de Sísifo. Idiossincrasia...

8 comentários:

AFRICA EM POESIA disse...

edilson
Gostei de ler.
Parabéns pela escrita e pelos livros...
Vou ficar por aqui e ler com calma...

vou voltar sempre
deixo-lhe um beijinho e...



CRUZAR

Cruzar letras...
Formar palavras...
E deixar no ar...
Dúvidas e certezas....
As letras têm...
Essa magia...
Basta que nós...
Sintamos a vontade...
De escrever ,de cruzar...
De formar palavras...
De partilhar tristezas e alegrias...
Só assim...olhámos e sentimos ...
Que muitas vezes...
Mesmo sem querer...
Fizemos poesia...


LILI LARANJO

Dora disse...

Oi, Edilson. Veja como interpreto o fragmento 5.
O homem quer realizar o Sim. Entretanto, lá na raiz dele(do Sim), habita aquele Caos que o homem precisa organizar ou aquela ameaça de Queda que paira sobre ele.
Aí, qualquer "construção" humana precisa se apoiar em um ponto que se revele Absoluto, ou o ponto que não se move, o ponto-fixo.
E lá vêm as Artes, a História da Filosfia, etc, em busca do repouso em alguma sustentação para o dever-ser. Não há. Mas, a luta e a labuta continuam .
E assim caminhará a Humanidade.
Dá uma tontura, não?
Beijos!
Dora

Edilson Pantoja disse...

Lili, vê que coisa podem as letras! E a internet, claro!, hoje suporte desse poder: nós, América do Sul e África, que já estivemos unidos, um no outro, um, refazemos agora, via rede, um cruzamento, não? Sê bem-vinda com tua poesia! Fica à vontade no Albergue!

Edilson Pantoja disse...

Ah, Dora! Sim, tontura, vertigem... e um esforço tremendo para ser, para significar, apesar do Abismo, da Queda, do Não. Aí, qualquer "construção" humana surge como promessa de ponto-fixo. Dever-ser. Sim. É como afirmar: "as coisas devem ser assim! Têm que ser assim! Não podem ser como são!"
No entanto... são como são! Nem mais, nem menos. Mas exatamente como são. E é curioso pensar que, não fosse essa vontade de Sim, não seríamos como somos. Pois nos fazemos ao "negarmos" a queda. Não é apenas a realidade que brota, como significado, dessa negação. Nós também, os homens, surgimos justamente aí, na recusa.
Teus comentários, sempre estimulantes, querida! Boa semana pra ti!

Lua em Libra disse...

Edilson

Que nome darias a esse ponto fixo em uma paisagem sempre ondulante, o imutável, o fio condutor que transpõe as contas do colar? Que nome darias?

Abraço. Ah, estarei em tua cidade em setembro.

CeciLia
PS: obrigada pela solidariedade ao último e dolorido post, lá no Lua.

clarice ge disse...

A queda livre pressupõe, ou melhor, determina que o ser, independente do movimento que faça para controlar a situação, será sugado para o abismo. Se todo sentido procede da queda, ela seria o que impulsiona o ser a buscar objetivos, dando a ilusão de um ser dominante.
Carinhos Edilson

Lua em Libra disse...

Desta vez será de médico, sim, mas por um tempo longo: estaremos durante sete dias albergados por aí. Um tanto de trabalho e um tempo, claro, para ver os amigos e conhecer a cidade. Será adorável conhecer Lia, tua esposa e a ti. Meu e-mail cecilia@cassal.com.br poderá servir para combinarmos os detalhes.

Passageira disse...

Acho que tou começando a entender, companheiro! Talvez até entender esta minha sempre vontade de desafiar o perigo. Se todo sentido procede da queda, andar na contramão - com a queda sempre à espreita - é a busca do sentido. De vida, seria?
Bom, estar aqui, ler vc e as meninas, é um aprendizado. Mais um que o mundo dos blogs me proporciona.
Beijo, viu?