terça-feira, março 13, 2007

Olhos de ribeirinho-não-mais-e-ainda-sempre

O menino, a lembrar um socó na beira do rio, equilibra-se, como o pássaro nos galhos secos dum pau caído, sobre a guia entre a ciclo e a rodovia. Um mísero espaço quase-seguro rente à bocarra descarnada do perigo. O socó sai do galho quando uma piaba reboja à flor d`água. O menino, quando o sinal cor-de-esperança fecha e o cor-de-sangue abre. Ambos têm um nada de tempo. O socó voa, mergulha e retorna ao galho. Piaba no bico. O rio respira a paz no silêncio dos estirões. O menino salta da guia para o asfalto. Malabares enormes na mão pequerrucha. O asfalto respira o ar quente das máquinas tensas ao sol do meio-dia. Às costas do menino, que se atrapalha com as peças, o sinal cor-de-medo acende.

6 comentários:

Anônimo disse...

O socó vive seu ciclo e o menino... incompleta seu destino.
Carinhos querido Edilson

CastroBruna disse...

Passando, rapidamente, para deixar um alô.
Mauro/Taxitramas
Há braços!!

Claudio Eugenio Luz disse...

Lembranças são como um saco sem fundo; boas ou más, acabam sempre saltando pra fora.

hábraços

Anônimo disse...

meninos dos sinais (ou dos faróis) são personagens modernos de uma comédia farsante e burlesca que insiste em não ser vista como tragédia. 1 abraço meu caro.

Anônimo disse...

Incrível como as imagens se desenharam e saltaram, sem aviso, de um mundo ao outro. O menino arriscando. A vida. Dentes afiados e o perigo aberto.

Vem me visitar?

Beijos, beijos

__Felícia__

Raimundo Neto disse...

Olá, Edilson!

Não quis mais voltar ao meu modesto blog?! Rs!

Precisa nem dizer a qualidade dos seus escritos, né?!


Abraço!